Tive o prazer de estar neste fórum e assistir a brilhantes palestras como a do Prof. Francisco Jarauta, que é filósofo, curador e professor da Universidade de Muria na Espanha. Além disto, foi orientando de ninguém menos do que Giulio Carlo Argan!
Com o tema: Mapas para navegar por el arte y la cultura contemporânea, Jarauta começou falando da domesticação da velocidade do tempo; "a velocidade é um elemento antropológico que afeta todos os nossos aspectos culturais".
Depois discorreu sobre os mapas da arte e cultura pelo mundo, falou sobre as crises pelas quais o mundo passa, antes era política, agora a política foi substituída pelo capital. E isto é o que devemos recuperar, a dimensão política do mundo. Pois a população cresce vertiginosamente, cresceu . 3,6 em um século.
Ressalta o aspecto sociológico da arte: cada sociedade tem sua arte. Com a globalização se tem produzido uma profunda homogeneização cultural. E o que provoca isto são dois fatores:
1- Mídia- o grande Prometeu de nossa época. Planetarização da mídia;
2 - Mercado – o mundo dos produtos transcendeu as fronteiras da tradição. Produtos chineses arrasam com o artesanato, produzem estilos artificiais e padronizados de vida.
Adorno, na década de 50, já falava em indústria cultural.
Surge este novo fato antropológico, no capitalismo temos um sistema de necessidades sofisticado.
ARTE E GLOBALIZAÇÃO – a partir dos anos 80, a industria da arte cresce de forma hipertrofiada. Temos como exemplo a multiplicação de museus no mundo todo. Por que? Porque há uma nova relação entre sujeito e arte. A arte passou a ter papel importante na produção do imaginário social.
Consequência disto: o preço cai, o valor da arte cai. O mesmo que se vê em SP, se vê em Joanesburgo, em NY. As bienais são iguais, são as mesmas, não tem nada de novo. É padronizado, é globalizado, as diferenças que se pode perceber são pessoais – do artista – e não de determinada região do planeta.
1992- o mercado da arte cai
1993- Bienal de Veneza – identidade e alteridade. É a primeira vez que se introduz esta discussão.
Bienal USA, no ano seguinte somente recebe trabalhos de residentes nos EUA, tentativa de expressão uma produção nacional, e foi a primeira vez que apareceu temas como sexo, homossexualidade, AIDS – é a arte falando dos problemas. Ocorre um movimento ético na arte.
A fronteira entre o poético e o político se articula. A poética está nos pequenos lugares, é o inacabado, poética do fragmento.
Enfim, muitas reflexões a serem feitas.